quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Proteção das enzimas pró-coagulantes no estímulo da cascata por injúria.

A seguir à injúria no endotélio e parede do vaso e, uma série de eventos moleculares e celulares ocorre levando à formação de um coágulo. As plaquetas aderem dentro de segundos à matriz sub-endotelial, tornam-se ativadas, e formam o tampão hemostático primário. Concomitantemente, o fator VII/VIIa do plasma liga-se ao fator tecidual (TF) da parede do vaso e inicia uma sequência de reações de coagulação levando à formação de fibrina. Uma rede de fibrina estabiliza as plaquetas agregadas, resultando na formação do trombo fibrina-plaqueta. Um modelo de coagulação do sangue baseado na célula tem sido proposto com base em estudos em sangue integral e sistemas reconstituídos. Na exposição ao sangue, o Fator Tecidual ancorado à membrana liga-se ao fator VII/VIIa circulante. O complex TF/VIIa resultante inicia a coagulação por ativação dos fatores IX e X para gerar pequenas quantidades de IXa e Xa. Seguindo a ativação do fator V para Va (fator V ativado) pelo fator Xa nas superfícies de membrana de células carregando Fator Tecidual/ micropartículas, um complexo pró-trombinase (Va/Xa) é reunido, levando à formação de uma pequena quantidade de trombina que amplifica a geração de Va, VIIIa e XIa nas superfícies de membranas de plaquetas ativadas. As plaquetas ativadas proporcionam o requisito de superfícies de membranas aniônicas para a reunião e catálise da tenase intrínseca (VIIIa/IXa), protrombinase (Va/Xa), e complexos XIa, levando à geração explosiva de trombina e consolidação do tampão fibrina-plaqueta.
Furie e colegas desenvolveram recentemente um sistema de microscopia confocal intra-vital de amplo campo que permitiu a imagem in vivo e em tempo real da deposição das plaquetas, acumulação de Fator Tecidual, e geração de fibrina durante a formação do trombo a seguir a injúria no camundongo. Seus resultados foram consistentes com o modelo baseado na célula acima mas mostrou além que o fator tecidual e a fibrina estavam inicialmente localizados na interface da parece do vaso com o trombo e subsequentemente propagado através do trombo pela acumulação de micropartículas carregando Fator Tecidual nascidas do sangue derivadas de leucócitos.

Os fosfolipídios da membrana plasmática (PLs) de células de mamíferos são normalmente assimetricamente distribuídas: os fosfolipídios-amino, a fosfatidil-L-serina (OS), e a fosfatidiletanolamina (PE), são segregadas para a pequena folha interna, enquanto os fosfolipídios-colina, fosfatidilcolina, e o resíduo esfingomielina (um tipo de fosfolipídio encontrado no cérebro, rins, na medula espinhal e na gema do ovo) no exterior da pequena folha. Um extenso remodelamento da membrana plasmática ocorre em resposta à injúria, ativação e estímulo apoptótico, resultando na perda da assimetria da membrana, egresso de PS/PE para a superfície celular, e derramamento de micropartículas expotas PS/PE. A exposição das PS/PE aumenta grandiosamente a eficiência catalítica dos TF/VIIa ancorados na membrana e promove a reunião e catálise da tenase intrínseca, protrombinase, e complexos Xa nas superfícies de membranas de plaquetas ativadas e micropartículas. Assim, as membranas expostas a PS/PE são a chave do estímulo trombogênico que dirige a iniciação e a propagação da cascata de coagulação e pode ser considerada como a marca de ouro dos sítios trombogênicos. Diferente de enzimas de coagulação da fase de solução, os complexos enzima/co-fator associados à membrana parecem ser protegidos de inativadores circulantes. Por exemplo, a protrombinase é protegida da inativação pelo inibidor da via do fator tecidual (TFPI) e pela anti-trombina. O Fator Va na superfície de membrana da plaqueta ativada é resistente À inativação proteolítica pela proteína C ativada; a tenase intrínseca não é apreciadamente inibida pelos inibidores de protease do plasma nexinaII/proteína precursora amilóide que inibem o fator Xa na fase de solução (sem injúria?) com alta afinidade.
A Anexina V (ANV) é uma proteína de ligação a fosfolipídio dependente de Ca++ com fortes afinidades para PS, PE e outros PLs (fosfolipídios) aniônicos. Ela possui atividade anti-coagulante em ensaios de coagulação baseados no plasma in vitro e atividade anti-trombótica em modelos animais in vivo. O mecanismo de ação da ANV é diferente daqueles de outros anti-coagulantes conhecidos que alvejam os PLs aniônicos mais do que os fatores protéicos da maquinaria de coagulação. A ANV forma séries de dimensão dupla nas superfícies de membrana aniônicas, assim fazendo os PLs aniônicos não disponíveis para reunião dos complexos enzimáticos de coagulação. Neste estudo, nós temos construído várias proteínas de fusão dos dois domínios consistindo de uma metade de ANV e um domínio do inibidor de protease Kunitz (KPI) que liga-se a vários fatores de coagulação com alta afinidade e especificidade. Nós hipotetizamos que tais proteínas da fusão ANV-KPI podem possuir a capacidade de alvejar elas mesmas os sítios trombogênicos ricos em PS/PE e potencialmente suprimir a trombogênese por facilitar a inibição de complexos de coagulação associados à membrana.

Fonte:
http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pubmed&pubmedid=15677561

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