A ATIVAÇÃO DE EIXOS CÉLULAS T & CÉLULAS DENDRÍTICAS POR IMUNO-COMPLEXOS DE ADENOVÍRUS 5 (Ad5) CRIA UM AMBIENTE MELHORADO PARA A REPLICAÇÃO DO HIV NAS CÉLULAS T.
Matthieu Perreau1, Giuseppe Pantaleo1,2, and Eric J. Kremer3
2008 Nov 3
A etapa do teste da vacina do HIV, que avaliou uma vacina com o vetor de adenovírus de tipo 5 (Ad5) com defeito de replicação foi interrompida recentemente. As razões para isso incluíram a falta de eficácia da vacina e um aumento em duas vezes a incidência de aquisição de HIV entre recebedores vacinados com títulos aumentados de anticorpo neutralizante para o Ad5 em comparação com os recebedores de placebo. Para modelar os eventos de devem ocorrer ‘in vivo’, o efeito nas células dendríticas (DCs) do vetor Ad5 sozinho ou tratado com anti-soro neutralizante (imuno-complexos [IC] para o Ad5) foram comparados. O imuno-complexo para o Ad5 induziu maturação mais notável de DC como indicado pelo aumento na expressão de CD86, endocitose decrescida, e produção de fator de necrose tumoral e interferons de tipo I. Nós achamos que a estimulação da DC pelo imuno-complexo para o Ad5 foi mediada pelas interações do receptor de Fc gama IIa com o receptor Toll-like 9. As DCs tratadas com imuno-complexo de Ad5 também induziram estimulação significativamente mais alta de células T CD8 específicas para o Ad5 equipadas com a maquinaria citotóxica. Em contraste com os vetores de Ad5 sozinhos, o imuno-complexo de Ad5 causou infecção do HIV significativamente aumentada nas co-culturas de células T e DC. Os resultados presentes indicam que imuno-complexos do Ad5 ativam um ápice de células T e DC que, junto com a possível persistência da vacina de Ad5 em indivíduos soropositivos, pode estabelecer um ambiente permissivo à infecção para o HIV-1, a qual poderia contribuir para a aquisição aumentada de infecção pelo HIV-1 entre recebedores da vacina soropositivos para o Ad5.
INTRODUÇÃO
A detecção de altas frequências de células T CD4 e CD8 específicas para o HIV-1 em sujeitos infectados pelo HIV-1 com doença não progressiva. A demonstração de que as células T CD8 são agentes chave ‘in vivo’ no controle da replicação do SIV, e a associação das células T CD4 e T CD8 polifuncional com melhor controle da replicação do vírus proporcionou a fundamentação para o desenvolvimento de estratégias vacinais com célula T que, embora elas sejam improváveis para o impedimento da infecção, podem eventualmente controlar a replicação do HIV após a infecção.
As vacinas com células T que entraram em avaliação clínica incluem vetores de adenovíros (Ad) e poxvírus. Os vetores de Ad fora usados tanto sós ou em combinação com vacinas baseadas em DNA. Cada uma dessas abordagens induziu vigorosas respostas de células T e controlou parcialmente a replicação do SIV em primatas não-humanos. A alta soro-prevalência a alguns sorotipos de Ad nas populações alvo permanece uma questão principal para esses vetores.
Com base nos programas pré-clínico e clínico de fase I e II encorajadores, uma vacina candidata trivalente de As5-gag/pol/nef entrou na fase II de estudo de teste de conceito de eficácia chamada STEP em dezembro de 2004 e recrutou 3.000 sujeitos soronegativos de alto risco para o HIV. Os objetivos primários do estudo eram determinar os efeitos da vacina na redução de aquisição de infecção e na redução do ponto de estabeleciemento da viremia. No final do ano passado (final de 2007), a STEP estava prematuramente terminada por motivo da carência de eficácia e devido à observação de um aumento em dobro na incidência de aquisição de HIV entre recebedores vacinados com altos títulos de anticorpos neutralizantes para o Ad5 (Abs [NAbs]) em comparação com recebedores de placebo (www.HVTN.org).
Várias hipóteses têm sido propostas para explicar a aquisição aumentada da infecção por HIV inclusive a seguinte: possivelmente opera um micro-envolvimento único do compartimento da mucosa onde os mecanismos para a aquisição aumentada da infecção por HIV; geração de Abs em aumento que facilita a infecção por HIV; e ativação de células T CD4 específicas para o Ad5 mediada pelo vetor que se tornam alvos ideais para a infecção por HIV. É importante mencionar que os Ads não são removidos (obs.: absorvidos pelas células por intermédio da MBL?) após a infecção, e numerosos relatos clínicos tem demonstrado que Ads causam infecções latentes que são normalmente bem controladas pelo hospedeiro. Por isso, a administração de um vetor Ad5, sua persistência, e exposição contínua pode ter um impacto em ambos a geração de Abs específicos para o Ad e respostas de células T.
Nesse estudo, nós desenvolvemos uma série de estratégias ‘ex vivo’ para delinear eventos imunológicos que podem ter operado entre os recebedores da vacina com imunidade pré-existente ao Ad5. Em particular, nós investigamos os efeitos da exposição dos imuno-complexos (IC) ao Ad5 nas DCs, respostas de células TCD4 específicas para o Ad5 e células T CD8, e intensificação da infecção por HIV.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Efeitos dos IC de Ad5 nas DCs
As células T de memória específicas para o Ad5 e NAbs (anticorpos neutralizantes) para Ad5 são importantes componentes da imunidade pré-existente para o Ad5, e a interação entre o vetor de Ad5 e os NAbs certamente ocorre rapidamente após a administração dos vetores ‘in vivo’. Assim, nós investigamos os efeitos dos imuno-complexos de Ad5 nas DCs. Para esse propósito, nós geramos imuno-complexos de Ad5 pela mistura de vetores de Ad5 com soro contendo NAbs de Ad5. A formação dos imuno-complexos foi determinada pela avaliação da ligação de C1q (proteína complemento 1q). Para reproduzir o cenário no teste STEP, os vetores de Ad5 usados no presente estudo também são deletados de/para E1/E3. [O complexo BCKD consiste de três componentes catalíticos: uma cadeia ramificada heterotetramérica (alfa2-beta2) descarboxilase de cetoácido (E1), uma transacilase dihidrolipoil homo-24-mérica (E2;248610), e uma desidrogenase dihidrolipoamida homodimérica (E3;238331). A E1 é uma enzima dependente de tiamina pirofosfato (TPP). Omim 608348] Para excluir a possibilidade de que os efeitos sejam causados pela atividade do complemento, soro inativado por calor (30 min a 56oC) foi usado por todo esse estudo. Os efeitos dos imuno-complexos do Ad5 nas DCs foram avaliados inicialmente pela análise de indução da expressão de moléculas co-estimulatórias (CD40 e CD86). Consistente com estudos prévios, vetores de Ad5 sozinhos não induzem um aumento substancial na expressão de moléculas co-estimulatórias pelas células DCs. A dose do vetor de Ad5 usada, 2,5 x 104 partículas físicas (PP) por célula foi consistente com o usado em estudos prévios. Para determinar os efeitos dos imuno-complexos de Ad5, os imuno-complexos foram gerados pelo aumento progressivo no volume do soro que continha altos títulos de NAbs de Ad5 (~512) na presença de uma dose fixa de vetor de Ad5. A atividade neutralizante do soro foi confirmada pela determinação dos níveis de transdução de vetor Ad5 como previamente descrito e usando-se DCs. O percentual de DCs transduzidas com AdGFP era inversamente proporcional ao volume do soro, demonstrando assim a presença de NAbs de Ad5. (fig. S1, disponível em http://www.jem.org/cgi/content/full/jem.20081786/DC1).
A sobre-regulação da expressão da CD86 foi observada 48 horas após o tratamento das DCs imaturas com imuno-complexos de Ad5, e a sobre-regulação paralelizou o aumento no volume do soro e assim na formação dos imuno-complexos de Ad5. Similarmente, a sobre-regulação da CD86 também foi observada usando-se um volume fixo de soro e aumentando-se a quantidade de vetor de Ad5. Nenhum aumento significativo na expressão de CD86 foi observado na presença do soro ou com o vetor de Ad5 sozinho. Significativamente (P<0,05), a expressão aumentada da CD40 e da CD86 foi observada na presença de imuno-complexos de Ad5 e não na presença de vetor de Ad5 sozinho ou após o tratamento das DCs com Ad5 mais um soro não neutralizante.
Para testar a maturação functional das DCs induzida pelos imuno-complexos de Ad5, nós ensaiamos sua hailidade para capturar antígenos (Ags). As DCs capturam Ags eficientemente primeiramente através da macropinocitose e pela endocitose mediada por receptor de manose, mas ela perdem essa função durante a maturação. As DCs imaturas e as DCs tratadas com vetor de Ad5 sozinho, com imuno-complexos de Ad5, com com LPS foram incubadas com dextran etiquetado com FITC, e o nível de captura de Ag foi avaliado como uma função do tempo. Consistente com a imaturidade funcional, DCs imaturas tratadas com simulação mantiveram sua habilidade de internalizar o dextran. DCs incubadas com o vetor Ad5 sozinho induziram modesta maturação e, de fato, sua habilidade em capturar o Ag estava parcialmente preservada. Consistente com a indução da maturação, a captura do Ag pelas DCs tratadas com imuno-complexos de Ad5 ou LPS foi perdida.
Para definir melhor os efeitos dos imuno-complexos de Ad5 na ativação e maturação das DCs, nós determinamos o perfil de citocinas da DCs tratadas com o vetor Ad5, soro + NAbs, Ad5 incubado com soro não neutralizante (NNS) ou imuno-complexos de Ad5. O painel de citocinas investigado incluía TNF-alfa, IL-12p70, IL-10, IFN-I, IFN-gama e IL-1beta. As DCs tratadas com vetor Ad5, Ad5/NNS ou soro neutralizante, não induzem a liberação de nenhuns níveis significativos das citocinas testadas. Em contraste, quando ensaiamos os imuno-complexos de Ad5 nossos resultados foram consistentes com aqueles encontrados quando testamos os efeitos dos imuno-complexos de Ad5 na indução da expressão das moléculas co-estimulatórias. Incrementos progressios na secreção de TNF-alfa e IFN-I pelas DCs foram observados tanto na dose fixa do vetor Ad5 junto com o volume crescente do soro ou vice-versa. Nenhuma secreção das outras citocinas investigadas foi observada. Então nós investíamos o relacionamento entre os títulos de NAb e os níveis de secreção de citocinas. Interessantemente, nós encontramos uma correlação significativa (P<0,05) entre os níveis de TNF-alfa e de IFN-I secretados e os títulos de NAb de Ad5. Coletivamente, esses resultados indicam que os imuno-complexos de Ad5 induziram uma ativação maior e maturação das DCs e, mais importantemente, o título de NAb anti-Ad5 foi uma chave determinante na indução da ativação das DCs.
O Sinal dos Imuno-Complexos de Ad5 Através dos Receptores de Fc-gama (FcYRs)
De acordo com estudos prévios, a ligação cruzada dos FcYRs por Igs imobilizadas induz a expressão de moléculas co-estimulatórias. Para definir melhor o papel dos Fc Rs, as DCs foram tratadas com imuno-complexos de Ad5 e a indução de secreção de TNF-alfa e IFN-I foi determinada na presença ou ausência de anticorpos bloqueadores contra FcYRI, IIa e III. Os três Fc Rs foram expressados diferentemente nas DCs com FcYRIIa sendo o mais expressado (disponível em http://www.jem.org/cgi/content/full/jem.20081786/DC1). Nós encontramos que os bloqueadores de FcYRI, III e particularmente de IIa reduziram a secreção de TNF-alfa e de IFN-I. Esses dados demonstram que os Fc Rs estão envolvidos na entrega de um sinal de ativação derivado dos imuno-complexos de Ad5 às DCs. Para excluir ainda mais os efeitos de componentes desconhecidos do soro, nós usamos Igs purificadas para gerar imuno-complexos de Ad5 e confirmamos a indução eficiente da ativação da DC. As Igs purificadas foram predominantemente IgG (IgM e IgA estavam em fração menor), e IgG1 e IgG2 foram os isotipos predominantes.
A sinalização através dos FcYRs pode ser causada tanto pela ligação cruzada direta ou por eventos subseqüentes da internalização mediada pelo receptor. Para discriminar entre essas duas possibilidades, as DCs foram cultivadas em placas cobertas com Abs específicos para Ad5 purificados. Nenhuma secreção significativa de TNF- , IL-12p70, IL-10, IFN-I, IFN- , or IL-1β foi observada, sugerindo assim que a ligação cruzada dos FcYRs não é um sinal de ativação suficiente para induzir a liberação de citocinas nas DCs a despeito do fato de que ela induz a expressão de moléculas co-estimulatórias. Por esse motivo, esses resultados sugeriram que eventos subseqüentes à internalização dos imuno-complexos de Ad5 mediada pelo receptor estavam envolvidos na entrega de sinais de ativação.
Imuno-Complexos de Ad5 Internalizados Entregam Sinais de Ativação.
Com base nas observações detalhadas na seção anterior, é possível que a internalização do imuno-complexo de Ad5 mediada pelo Fc R entregue preferencialmente alguns componentes de Adenovírus (proteínas, RNA associado a vírus, ou genoma em dupla fita de DNA) a compartimentos sub-celulares distintos. Para testar esta hipótese, nós incubamos as DCs com vetor Ad5 sozinho dependente de auxiliar ou em complexo com soro contendo NAbs (imuno-complexos dependentes de auxiliar [HD]). Embora os genomas dos vetores dependentes de auxiliar sejam deletados em todos os genes virais, os vírions contêm as mesmas proteínas do cerne e do capsídeo e RNAs associados aos vírus. Nós encontramos que nem o vetor sozinho dependente de auxiliar nem o imuno-complexo dependente de auxiliar promoveu a liberação de TNF-alfa ou de IFN-I, sugerindo que o genoma de vetor Ad5 deletado em E1/E3 esconde sinais críticos para a ativação e maturação completa da DC.
Nesse sentido, ácidos nucleicos de origem mamífera ou viral podem ser reconhecidos por receptores de reconhecimento de patógeno intracelular. Por exemplo, complexos de DNA com anticorpo do lúpus humano ativam as DCs através da interação entre o FcYRII e o TLR9. Além disso, várias sequências potencialmente imuno-regulatórias (IRSs) podem inibir a liberação do IFN-I após a estimulação com agonistas de TLR9 e de TLR7. Entre essas a IRS 869 mediou a mais potente inibição de secreção de IFN-I nas DC plasmocitóides estimuladas por TLR9. Por isso nós perguntamos se o IRS 869 suprimiu a produção de ambos o TNF-alfa e IFN-I após a estimulação com imuno-complexo de Ad5 (>90% de inibição). Os LPS, os quais estimulam as DCs através da cooperação da CD14 com TLR4, e ilhas CpG (agonistas de TLR9) foram usados como controles. A IRS 869 não inibe a produção de TNF-alfa ou de IFN-I pelas DCs estimuladas com LPS, embora ela iniba a produção de citocinas das DCs estimuladas com CpG.
Consistentemente com estudos prévios, nossos dados sugerem que os imuno-complexos de Ad5 são internalizados por via dos Fc R e são provavelmente entregues aos compartimentos intracelulares onde o genoma do vetor interage com o TLR9, o qual, por sua vez, leva à ativação das DCs. Importantemente, esses dados argúem contra um papel principal das proteínas do capsídeo do adenovírus e RNA.
Imuno-Complexos de Ad5 Estimulam e Ativam Células T CD4 e T CD8 Específicas para o Ad5.
Para investigar os efeitos dos imuno-complexos de Ad5 na estimulação e ativação das células T CD4 e T CD8 específicas para o Ad5 em sujeitos soropositivos para o Ad5, nós desenvolvemos um ensaio de estimulação ‘ex vivo’ das células T específicas do Ad5 que podem imitar essas operações ‘in vivo’. As DCs foram geradas de cinco sujeitos com altos títulos de NAb de Ad5 (>1.000). As DCs imaturas foram incubadas com vetor sozinho de Ad5 ou com imuno-complexos de Ad5 por vinte e quatro horas, Dois soros foram usados para gerar imuno-complexos de Ad5 para cada população de DC, soro autólogo (de DCs provenientes do doador) e soro heterólogo com alto título de NAb de Ad5 (4.096). No final do período de incubação, as DCs tratadas com o vetor Ad5 ou com imuno-complexos de Ad5 foram usadas para estimular células T CD4 e T CD8 específicas para o Ad5 a partir de células mononucleares do sangue autólogo. Então nós avaliamos a secreção de IL-2, IFN-gama, e TNF-alfa (seis horas após a estimulação) usando citometria de fluxo poli-cromática. Nenhuma diferença significativa (P>0,05) foi observada no percentual total das células T CD4 específicas para Ad5 secretoras de IL-2, IFN-gama e e TNF-alfa nas células do sangue estimuladas com vetor Ad5 ou imuno-complexos de Ad5 tratadas com DCs. Em contraste, uma diferença de aproximadamente três vezes altamente significativa (P<0,001) foi encontrada no percentual total das células T CD8 específicas para Ad5 secretoras de citocina estimuladas com DCs tratadas com imuno-complexos de Ad5 em comparação com DCs tratadas dom vetor Ad5. Além disso, mudanças maiores no perfil de citocinas das CD8 específicas para Ad5, mas não nas células T CD4 (figura disponível em http://www.jem.org/cgi/content/full/jem.20081786/DC1) foram observadas entre as duas condições de estimulação. Em particular, nós detectamos um aumento significativo na população de células T CD8 secretoras da dupla IFN-gama +/TNF-alfa+ (P<0,05) e um decréscimo significativo da população de células T CD8(P<0,05) secretoras somente de IL-2 (IL-2+/IFN- +/TNF- + IL-2+/TNF- + e só IL-2). Com respeito às células T CD4 específicas para Ad5, o perfil de citocinas foi modestamente diferente entre as células DC tratadas com o vetor Ad5 sozinho e tratadas com imuno-complexos de Ad5. Esses resultados indicam que os imuno-complexos de Ad5 induziram a estimulação de altas freqüências de células T CD8 de memória específica para o Ad5 com um perfil de citocinas efetor.
Depois nós determinamos os efeitos dos imuno-complexos de Ad5 na capacidade de proliferação das células T de memória específicas para o Ad5 e consistentemente observamos uma tendência em direção ao aumento na proliferação (aproximadamente duas vezes) das células T CD4 e T CD8 estimuladas com DCs tratadas com imuno-complexos de Ad5, embora essas diferenças não atinjam significância estatística (P>0,05; figura disponível em http://www.jem.org/cgi/content/full/jem.20081786/DC1). Nós também determinamos o perfil citotóxico das células T CD8 específicas para o AD5 em proliferação (baixo CFSE) baseados na expressão de perforina e granzima B. A proporção de células T CD8 específicas para o Ad5 expressando perforina e granzima B era de aproximadamente 2,5 vezes mais (P<0,05) quando as DCs tratadas com imuno-complexos de Ad5 foram usadas como estímulo.
Coletivamente esses resultados indicam que os imuno-complexos de Ad5 induziram células CD8 efetoras anti-vetor Ad5 e uma tendência em direção a uma expansão mais ampla das células T específicas para o Ad5. A estimulação mais efetiva das células T CD8 específicas para o Ad5 provavelmente resulta da capacidade das DCs em processarem eficientemente e apresentarem Ags exógenos, tais como imuno-complexos para as células T CD8 por via da apresentação cruzada.
Imuno-Complexos de Ad5 Aumentam a Infecção por HIV
Foi crítico investigar se a ativação aumentada das células T induzida pelos imuno-complexos de Ad5 aumentou a infecção por HIV. Para abordar esse assunto nós usamos um modelo ‘ex vivo’ que imita similarmente as interações celulares que ocorrem durante o teste STEP. Nós estimulamos DCs com vetor Ad5 e com imuno-complexos de Ad5 e então incubamos essas células com células mononucleares do sangue autólogo de quatro sujeitos para reativar células T de memória específica para Ad5. Soro NS (soro neutralizante) autólogo e heterólogo (título de 4.096) foi usado para gerar imuno-complexos de Ad5. As co-culturas foram então incubadas com HIV-1LAV. A infecção por HIV ‘ex vivo’ e a propagação foram avaliadas pela mensuração de p24 (proteína do HIV) na cultura sobrenadante. É importante mencionar que as DCs, através da formação de conjugados com as células T CD4, facilitam a infecção produtiva do HIV-1 em células em cultura ainda que na ausência de ativação das células T específica por antígeno ou policlonal. De fato, nós observamos a infecção produtiva do HIV-1 em culturas de células contendo DCs tratadas com simulados misturadas com células mono-nucleares de sangue autólogo. No entanto, nós observamos consistentemente níveis mais altos de replicação do HIV em aproximadamente três vezes nas culturas de células contendo células mono-nucleares estimuladas com imuno-complexos de Ad5 em comparação com vetor Ad5 ou cultivadas com DCs somente. O nível de p24 médio no quarto dia era de 3.230 pg/ml na cultura de células mononucleares do sangue estimuladas com DCs tratadas com vetor Ad5 somente versus 10.800 pg/ml na cultura de células mononucleares do sangue estimuladas com DCs tratadas com imuno-complexos de Ad5 (<0,05). No sétimo dia, o nível médio de p24 era de 64.400 pg/ml na cultura de células mononucleares do sangue estimuladas com DCs tratadas com vetor Ad5 sozinho versus 207.600 pg/ml na cultura de células mononucleares estimuladas com DCs tratadas com imuno-complexos de Ad5 (P<0,001). Por isso, os imuno-complexos de Ad5 provavelmente induziram maior ativação das células T que traduziram-se em níveis aumentados de replicação do HIV na cultura em tecido.
Nosso estudo avança nosso entendimento dos possíveis eventos imunológicos em operação após a vacinação baseada no vetor Ad5 e sugere uma série de eventos que poderiam explicar o aumento na aquisição da infecção por HIV em sujeitos soropositivos para o Ad5 no teste STEP. Durante a transferência de gene mediada pelo vetor Ad5, os vetores infectam provavelmente várias células alvo, incluisive as células apresentadoras de antígeno com as DCs. A infecção dessas últimas células eventualmente ativará as células T CD4 e T CD8 de memória específicas para Ad5 e esperançosamente geram uma resposta de células T específica para o HIV. Entretanto, a presença de altos títulos de NAbs do Ad5 está associada com a formação de imuno-complexos do Ad5. Comparados com o vetor Ad5 sozinho, os imuno-complexos de Ad5 induziram uma “hiperativação” e maturação das DCs, como indicado pela aumentada expressão de moléculas co-estimulatórias, a perda da capacidade de capturar antígeno (Ag) e a secreção de TBF-alfa e IFN-I. O sinal de ativação para DCs mediado pelos imuno-complexos de Ad5 resulta em parte da cooperação entre os Fc Rs e o TLR9.
Os sinais de sobrevivência e expansão clonal das células T de memória mediados pelo IFN-I podem explicar o efeito dos imuno-complexos de Ad5 no aumento das células T CD8 efetoras de memória específica para o Ad5, provavelmente através da impressão cruzada e de uma tendência em direção à expansões maiores de ambas as células T CD4 e CD8 de memória específica para o Ad5. A reativação das células T de memória específica para o Ad5 provavelmente impede a geração efetiva das respostas imunes primárias contra antígenos do HIV codificados por vetor através de dois mecanismos não excludentes: uma, um ambiente de citocinas desfavorável resultante da resposta inflamatória causada pela formação dos imuno-complexos de Ad5; e a segunda, a morte das DCs. Porque as DCs expressarão não somente o HIV mas também os antígenos do Ad5, elas se tornam alvos de células T CD8 específicas para o Ad5 reativadas, assim resultando também na redução da quantidade de DCs apresentando antígenos do HIV. Em sustentação a essa hipótese, dados preliminares do teste STEP indicam que o percentual de respondedores para proteínas do HIV (medido por IFN-gama ELISpot) foi menor (aproximadamente 25%) em sujeitos com títulos de NAb para Ad5 maiores que 200, e a magnitude das respostas de células T específicas para o HIV (freqüência de células secretando IFN-gama no sangue) também foi reduzida em aproximadamente 50% (WWW.HVTN.org). Finalmente, o aumento na sobrevivência de células ativadas de memória T CD4 específicas do Ad5 mediada pelo IFN-I pode ampliar transitoriamente essa reserva de células T CD4 que efetivamente sustenta a replicação e disseminação do HIV, facilitando assim a suscetibilidade à infecção pelo HIV. Nossos resultados também proporcionam nova luz sobre o tipo de estratégias experimentais e ensaios que podem ser instrumentais para a avaliação pré-clínica da segurança de outras vacinas baseadas em vetor viral em adição ao Ad5.
Em conclusão, nós mostramos que os vetores Ad5 deletados de E1/E3 contendo imuno-complexos e os Nabs causam um padrão de ativação inflamatória inata e adaptativa que, junto com uma possível persistência do vetor Ad5, pode proporcionar as bases de um ambiente permissivo crônico para a infecção por HIV-1, ajudando assim a explicar o aumento na aquisição da infecção por HIV-1 entre os recebedores de vacina soropositivos para o Ad5 no teste STEP. Além disso, nossos resultados também sugerem que a entrega e formulação de antígenos através de imuno-complexos pode resultar em uma estratégia de imunização poderosa para estimular as células T.
Fonte: http://jem.rupress.org/cgi/content/full/205/12/2717
terça-feira, 30 de março de 2010
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