sexta-feira, 28 de outubro de 2016
Comparação entre a Patogenia das Viroses de Chikungunya Epidêmica e Enzoótica em um Modelo de Macaco Rhesus Prenhe.
Ching-I Chen , David C. Clark , Patricia Pesavento , Nicholas W. Lerche , Paul A. Luciw ,
William K. Reisen ,* and Aaron C. Brault
RESUMO
Desde 2004, um genótipo do vírus Chikungunya (CHIKV) do Leste Africano vem emergindo, causando significativas epidemias de síndrome artrálgica. Além disso, esse vírus foi associado em um primeiro momento com transmissão neonatal e complicações neurológicas. No presente estudo, macacos Rhesus prenhes foram inoculados com uma linhagem enzoótica e epidêmica de CHIKV para comparar a pagogênese e o potencial de transmissão transplacentária. As viremias foram similares para ambas as linhagens e chegaram ao pico em dois a três dias após a inoculação (dpi). O RNA viral foi detectado em necropsia ao vigésimo primeiro dia pós inoculação (dpi) nos tecidos maternais linfoide, associado a articulações e da coluna vertebral. A ausência de RNA viral detectável e a falta de desenvolvimento de um centro germinativo nos fetos indicou que a transmissão transplacentária não ocorre. Anticorpos neutralizantes foram detectados em todas as fêmeas e fetuses. Nosso estudo estabelece um modelo de primata não-humano para avaliar vacinas e terapias antivirais e indica que os macacos Rhesus poderiam servir como um competente reservatório enzoótico.
INTRODUÇÃO
O Vírus de Chikungunya (Togaviridae, Alphavirus; CHIKV) é transmitido na natureza entre primatas humanos e não-humanos e mosquitos e causa tipicamente síndromes artritogênicas debilitantes que podem se arrastar por semanas ou meses. O CHIKV foi isolado primeiro do soro humano de um portador em Tanganyika (Tanzânia) em 1952 durante a epidemia de uma doença parecida com a dengue. Nos últimos 50 anos, o CHIKV vem expandindo seu perímetro geográfico para a África Oriental e Asia Central e Sudeste, onde vem sendo associado a uma crescente frequência e intensidade de surtos. A análise da seuquência do gene E1 do CHIKV isolado indicou a presença de três clados (ramos) de genótipos distintos incluindo o Asiático, do Oeste Africano e do Leste/Centro/Sul Africano (ECSA). No oeste africano, o CHIKV é transmitido principalmente entre os diversos tipos de mosquito Aedes spp e primatas não-humanos, mas ocasionalmente ele infecta outros animais silvestres e chega a causar pequenos surtos ocasionais em humanos. O surto recente entre 2004-2010 envolveu uma linhagem viral monofilética (frutos de um mesmo ancestral) que divergiu do clado ECSA. Essa nova linhagem do Oeste Africano foi observada primeiramente no Kenya e depois se dispersou para um número de ilhas do Oceano Índico, para o Subcontinente Indiano e para o Sudeste Asiático. O surgimento dessa linhagem desencadeou epidemias significativas, mais notavelmente na Índia, onde mais de dois milhões de casos em humanos foi notificado. O vírus também estabeleceu focos autóctones de surto na Itália, o primeiro caso registrado do CHIKV em atividade na Europa.
Além da magnitude da epidemia, manifestações neurológicas até então não declaradas em adultos e na encefalopatia fetal vêm sendo relatadas. A infecção por CHIKV do sistema nervoso central foi descrita primeiramente nos anos 60. Entretanto, novas síndromes neurológicas, tais como tonturas, meningoencefalopatia, mielite, e coroidite, foram registradas somente durante os surtos mais recentes. Além das manifestações neurológicas, as primeiras observações de transmissão neonatal pré-parto foram associadas com essa nova linhagem de CHIKV, entretanto, isso permanece a ser determinado se essas novas síndromes da doença observada durante os surtos de 2004-2010 refletem uma mudança no tropismo tecidual ou um aumento da patogenia, ou se elas são simplesmente indicativas da magnitude dos surtos recentes e do aperfeiçoamento da descrição dos casos. Adicionalmente, a associação da doença do CHIKV em neonatos com mães infectadas durante a gestação é amplamente epidemiológica, sem um estudo controlado de casos e sem analise do potencial de passamento viral transplacentário sob condições experimentais. Embora modelos de camundongos CHIKV exibissem muitos dos sintomas da doença observados durante a infecção em humanos, os sistemas reprodutivo, neurológico e imune de primatas não humanos são mais similares aos humanos do que os sistemas dos camundongos. Por este motivo, macacos prenhes podem servir como um modelo ideal para superar a limitação de modelos de roedores.
No presente estudo, uma linhagem epidêmica do Leste Africano isolada de um viajante originário da Índia em 2006 e uma linhagem enzoótica isolada no Oeste Africano foram selecionadas para inoculação. Macacos Rhesus no terceiro mês de gestação foram infectados subcutaneamente com uma dose biológica relevante de ambas as linhagens de CHIKV epidêmica e enzoótica para reproduzir a transmissão natural do vírus pela picada do mosquito. Os macacos foram presos por 21 dias pós-inoculação (dpi) para permitir um tempo adequado de observação da apresentação da doença, da cinética da viremia, do tropismo tecidual, e das respostas imunes em ambos mãe e feto. As condições fetais foram monitoradas durante toda a infecção, e a transmissão transplacentária foi avaliada no vigésimo primeiro dia examinando-se se o RNA viral estava presente no tecido placentário e nos tecidos fetais bem como pela avaliação de desenvolvimento de folículos nos linfonodos fetais. O resultado da infecção viral e respostas dos hospedeiros foram examinados para determinar diferenças patofisiológicas entre as linhagens epidemiológica e enzoótica de CHIKV. Além da comparação da patogenicidade da recentemente emersa linhagem ECSA do CHIKV de um isolado com histórico enzoótico e da avaliação do potencial de o macaco Rhesus servir como um hospedeiro de amplificação do vírus na Ásia, este estudo serve para desenvolver um modelo animal da doença CHIKV para analisar as aplicações de vacinas engenhadas e antivirais em mulheres grávidas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Animais. Seis macacos Rhesus (Macaca mulatta)fêmeas prenhes, fecundadas em colônia, abrigadas nas instalações para animais no Centro Nacional de Pesquisa de Primatas na Califórnia, com idade entre sete e quinze anos e com tempo de gestação entre 121 e 132 dias ( a gestação dura cerca de 146 a 180 dias), foram usadas para inoculação de CHIKV. Os animais foram abrigados e mantidos de acordo com o regulamento e indicações estabelecidos em conjunto pela Universidade da Califórnia, Davis, Instituto de Atendimento e Comitê de Uso Animal (IACUC) sob um protocolo aprovado pelo IACUC. Todos os animais foram testados para infecção viral antes da inoculação. Todos os macacos eram negativos para o vírus da leucemia linfotrópica de células T do tipo 1 (STLV-1), retrovírus símio (SRV) e retrovírus símio (SIV). Dois animais do grupo eram positivos para o vírus da espuma símio (spumavírus), Citomegalovírus (CMV), e Herpes B (HVB); um animal do grupo era positivo apenas para SFV e CMV. Todos os animais foram sangrados dois dias antes da inoculação para confirmar a ausência de anticorpos neutralizantes para CHIKV.
Linhagens celulares e viroses. Células de rins de macaco verde africano (Vero), de rins de bebê ramster (BHK-21), e de Aedes albopictus (C6/36) foram cultivadas em meio Eagle’s (Eagle’s Minimun Essential Medium) modificado de Dulbecco (DMEM) (Vero e C6/36) e em Meio Mínimo Essencial (MEM) (BHK-21) suplementadas com 5% de soro bovino fetal (FBS) e antibióticos, e então foram incubadas em um ambiente humidificado com 5% CO2 a 37oC e 28oC, respectivamente. As macacas Rhesus foram inoculadas com uma linhagem do CHIKV do Oeste Africano (37997) isoladas de um grupo de mosquitos durante a transmissão enzoótica no Senegal em1983 (obtidos da Divisão de Doenças Infeciosas Nascidas de Vetores, Centros para Controle de Doenças e Prevenção de coleção de referência) e uma linhagem de CHIKV humano (DHS-4236) isolado pelo Departamento de Saúde Pública da Califórnia de um viajante infectado na Índia durante a epidemia de 2006. A linhagem do CHIKV epidêmica foi originalmente isolada em queratinócitos de coelho (RK), passada uma vez em BHK-21, e passada uma vez em células Vero antes da experimentação. A linhagem de CHIKV enzoótica foi isolada em células de mosquitos (Aedes pseudoscutellaris; AP) passada uma vez em células Vero, e passadas uma vez em células BHK-21. Ambas as reservas de vírus foram preparadas pela inoculação de células C6/36 em infecção em multiplicidade (MOI) de 0,1 e foram colhidas em dois dias. Grupos de três macacas cada foram inoculados subcutâneamente no alto do braço superior com inóculo de µL (mililitro) compreendendo 1,000-10,000 unidades de formação de placa (PFU) de ambas as linhagens epidêmica do Leste Africano e enzoótica do Oeste Africano Os animais foram colocados em jejum por 3 a 4 horas antes da sedação com cetamina (5 a 20 mg/kg de peso) por injeção intramuscular para inoculação viral, exame fisiológico, e coleta de sangue.
Sinais clínicos e viabilidade fetal. As macacas foram monitoradas diariamente para sinais clínicos da doença de CHIKV, incluindo febre, dores e evidenciada redução na mobilidade, inchaço nas juntas, sangramento no nariz e gengivas, erupção/vermelhidão na pele, linfadenopatia periférica. Esses exames incluíram monitoramento do peso corporal, temperatura retal, e medida da circunferência e temperatura local das articulações (pulsos e tornozelos). A circunferência das juntas foi avaliada diariamente através dos pulsos e tornozelos. Para ganhar consistência, os locais de dada medida foram marcados com tinta indelével. As temperaturas locais das juntas foram detectadas usando-se um Modelo de Sensor Remoto DermaTemp DT-1001RS (Exergen, Watertown, MA). Um Detector de Ultrassom Doppler Flow (Parks Medical Electronics, Inc., Aloha, OR) foi usado para monitorar o batimento cardíaco fetal como medida de viabilidade fetal.
Coleta de tecidos e processamento. Amostras de sangue periférico foram coletadas dois dias antes da inoculação viral e uma dia antes do 21 dpi por punção venal. Amostras do sangue foram recolhidas em tubos com etilenediaminetetraacetic acid (EDTA) e heparina e centrifugados a 1,000 X g por 10 minutos para isolar o plasma e coágulos. O plasma foi para o frigorífico a -80oC até o ensaio para título viral (quantificado por ensaio de placa de células Vero), RNA viral, níveis de anticorpos anti-CHIKV, química plasmática e perfil de citocinas. Amostras do sangue total foram reservadas com tubos revestidos com EDTA para contagem de células do sangue. As mães e os fetos foram eutanasiados no 21 dpi com anestesia de cetamina seguida de uma overdose de barbiturato intravenosa usando-se pentobarbital de sódio a 60 mg/kg. Os tecidos maternos e fetais foram coletados e ensaiados para determinar a carga viral e extensão da histopatologia, incluindo sangue, tecidos conectivos/epífise/sinovial, músculo-esquelético e associado às articulações, cérebro, espinha dorsal, coração, pulmões, rins, baço, pâncreas, medula óssea, articulações e linfonodos (auxiliares e inguinais). Em adição, as glândulas mamárias, tecido placentário, e pele e linfonodos braquiais (axilas) dos braços próximo e distante do sítio de inoculação foram recolhidos das fêmeas. Os tecidos materno e fetal foram mantidos em tampão com formalina a 10% para histopatologia, foram guardados em paraformaldeído a 4% para microscopia eletrônica, e foram congelados em partículas em nitrogênio líquido para detecção de RNA viral e isolamento da infecção viral.
Histopatologia. Os tecidos maternal e fetal foram fixados em tampão de formalina neutral a 10%. Os tecidos selecionados das fêmeas e seus fetos foram reservados, inclusive a pele dos braços (do lado da inoculação e do braço oposto), juntas, músculo esquelético associado à junta e espinha dorsal, coração, pulmões, rins, baço, pâncreas, tecido mamário, vagina, linfonodos braquiais (das axilas) junto ao ponto de inoculação e do braço oposto, linfonodos auxiliares e inguinais e placenta. Esses tecidos foram rotineiramente processados e embebidos em parafina, seccionados a 7 µm, e arrumados em lâminas de vidro carregadas positivamente (Superfrost Plus; Fisher Scientific, Pittsburgh, Pa). Os tecidos seccionados foram tingidos com hamatoxilina e eosina (HE).
Microscopia Eletrônica. Para transmissão da microscopia eletrônica
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Opinião da Tradutora
UM ARSENAL DE EQUIPAMENTOS NA MÃO DE UM BANDO DE INCOMPETENTES. Se procuram resposta para uma doença que dura meses, como acham que vão encontrá-la em 21 dias? Macaco eutanasiado não serve de prova.
quarta-feira, 20 de julho de 2016
PARVOVIRUS B19: O Espectro de uma Doença em Expansão
Bernard Cohen
Parvovirus são pequenos virus redondos com genoma em uma única fita de DNA que carece de um envelope lipídico. Eles são amplamente espalhados, e na medicina veterinária vários são reconhecidos como patógenos notáveis causadores de uma variedade de doenças incluindo a falência reprodutiva. As parvoviroses animais não são, entretanto, transmissíveis aos humanos, e mulheres grávidas não estão em risco. As primeiras parvoviroses humanas a serem identificadas eram virus adeno-associados (AAV). (Adenoviroses e virus adeno-associados são utilizados como vetores vacinais.) Essas viroses replicam-se somente na presença de um vírus auxiliar, uma função proporcionada pelos adenovírus ou outros vírus de DNA maiores. Anticorpos para adenoviroses são encontrados na população humana, mas as viroses não são patogênicas. Elas causam infecção latente pela interação dentro do cromossomo humano e têm atraído interesse como potenciais vetores para terapia genética humana.
O Vírus
O Parvovírus B19, o primeiro parvovírus humano patogênico conhecido, foi descoberto por sorte em saudáveis doadores de sangue que foram examinados para hepatite B. O nome vem do único isolado dentro de um mostruário de soro de hepatite onde foi descoberto o vírus (mostruário B, soro 19). As propriedades biofísicas e bioquímicas do virus o dipuseram na família Parvoviridae , e por seu tropismo para células vermelhas foi alocado no gênero Erythrovirus, do qual ele é até o presente o único membro. Ele pode, entretanto, se juntar a um parvovírus símio recentemente descrito em macacos cynomolgus (pertencem à mesma família dos macacos rhesus), que compartilha muitas propriedades com o B19 e que pode também proporcionar um modelo animal para o estudo das patologias do B19. Agora nós sabemos que o tropismo do vírus para as células vermelhas é mediado através do antígeno P do eritrócito (em todo o mundo). Este antígeno é expressado quase universalmente na superfície do eritrócito humano e em algumas outras células. Raramente as pessoas carecem do antígeno P e, surpreendentemente não são suscetíveis à infecção por B19.
O B19 foi considerado primeiramente como um vírus órfão, não relacionado a nenhuma doença, mas em seguida uma gama de doenças causadas pela infecção por B19 foram sendo descritas.
Infecção em Crianças
O primeiro indício de que o vírus B19 causava doença em humanos começou de uma pesquisa de doadores virêmicos que foram identificados por acaso. Eles apresentavam um estado febril não específico, algumas vezes combinada com uma erupção cutânea típica de rubéola. Além disso, verificou-se que dois pacientes infectados com B19 tinham ficado doentes apresentando uma febre branda. A primeira doença a ser definitivamente ligada com a infecção por B19, entretanto, foi a crise aplásica transitória (cessação temporária de produção de células vermelhas) de anemia da célula em forma de foice (talassemia). Depois, o vírus B19 mostrou-se causar a crise aplásica em pacientes com outras condições hemolíticas herdadas tais como esferocitose hereditária (anemia auto-hemolítica hereditária, caracterizada pela produção de células vermelhas esféricas ao invés de discos duplo-côncavos.Wikipédia), bem como outras formas de anemia. Entretanto, estudos sobre a prevalência de anticorpos para o vírus, mostraram que a infecção B19 era frequentemente adquirido na infância e que 60% ou mais dos adultos britânicos eram soropositivos sem evidência de doença hematológica. Pareceu aceitável que o B19 causasse uma doença comum na infância e em 1983 uma ligação foi feita com eritema infeccioso. (Eritema infeccioso ou a quinta doença da infância que começa com febre de temperatura média, dor de cabeça, erupção na pele, e sensação de gripe, catarro e nariz entupido.) É uma doença branda, por outro lado conhecida como a quinta doença ou síndrome da bochecha esbofeteada; constantemente confundida com rubéola ou sarampo. Afortunadamente, a confirmação laboratorial do eritema infeccioso, da rubéola e do sarampo é possível agora pelo diagnóstico da saliva. É comum ocorrerem surtos de eritema infeccioso nas escolas, principalmente no inverno ou primavera. Na Inglaterra, abril e maio são os meses de pico, embora possam ocorrer casos em qualquer mês. O padrão é surgir o surto por dois anos seguidos de dois anos de pouca incidência. Em 1993 e 1994 grandes epidemias de B19 ocorreram, então em 1997 nós vimos um novo ciclo de infecção.
A Infecção em Adultos
A infecção por B19 é uma doença benigna, auto-limitada nas crianças, mas em adultos, especialmente nas mulheres, ela é frequentemente complicada por aguda artrite. De fato, a artrite sem a erupção é uma apresentação comum da infecção por B19 em adultos. Em um estudo de aguda artropatia em adultos, 19 dos 24 casos atribuídos a agentes infecciosos estavam associados com o parvovírus B19. O estudo por Jobanputra e outros sobre esse assunto encontrou que 6,7% das amostras de soro submetidas a testes para fatores reumatóidess em geral eram B19 positivas na reação em cadeia da polimerase. A maioria delas (amostras) eram também IgM para B19 positivas. Isto serve para lembrar-nos que, embora o B19 seja uma causa comum de artropatia, não é frequentemente reconhecido.
A artropatia causada por B19 comumente se resolve em poucas semanas, mas 10% das mulheres com infecção por B19 desenvolvem sintomas nas juntas por mais de dois meses. Em alguns casos os sintomas persistem por anos. Nós ainda não entendemos a patogênese dessa artrite crônica já que histologicamente as juntas não apresentam resposta inflamatória e a evidência do vírus persistir na sinóvia ainda não foi confirmada. Não obstante, a infecção por B19 poderia ser considerada um diagnóstico diferencial para o início do estabelecimento da artrite reumatóide já que alguns pacientes com artropatia por B19 satisfazem o critério diagnóstico para a doença.
Infecção na Gravidez
A outra complicação importante em mulheres surge durante a gravidez. Embora a maioria das mulheres que tenham tido infecção por B19 na gravidez dêem à luz a um bebê saudável, o B19 pode cruzar a placenta, infectar o feto, e causar hidropsia fetal e morte fetal. (Hidropsia fetal gera edema em um feto em desenvolvimento, anemia, falha do coração e falta de sangue nos tecidos em desenvolvimento.Wikipédia) O feto parece ser mais suscetível durante o priomeiro e segundo trimestres da gravidez. A precisa incidência de B19 na embriopatia não é conhecida, mas em torno de 10% das gravidezes complicadas pela infecção por B19 resultam em perda fetal. A mulher grávida com infecção assintomática por B19 parece estar em grande risco quando apresenta erupção na pele. A administração clínica da infecção por B19 pode incluir transfusão de sangue intrauterina. Este tratamento têm sido controvertido, mas um estudo conduzido durante os anos da epidemia em 1993 e 1994 achou uma alta taxa os fetos que sobreviveram tinham recebido transfusão em comparação com aqueles que não receberam. Uma gravidez não precisa ser interrompida quando ocorre a infecção por B19 já que não há evidência de dano ao feto que sobrevive à infecção e nascem vivos.
Infecção em Pessoas Imunocomprometidas
As manifestações clínicas consideradas até agora resultam de uma infecção usualmente auto-limitante naqueles com respostas imunes normais. Entretanto, em pacientes imunocomprometidos o B19 pode persistir, causando severa anemia devida à persistente destruição das células vermelhas precursoras na medula óssea. As células precursoras das células brancas e plaquetas podem também ser afetadas, e uma falência crônica da medula óssea têm foi descrita em um jovem com síndrome de Nezelof, uma rara imunodeficiência combinada. A persistência da infecção por B19 também foi reconhecida em crianças e adultos com leucemia, em recebedores de transplante, e em pessoas com infecção por HIV. A infecção nesses grupos de pacientes é tratada com sucesso com altas doses de imunoglobulina intravenosa. O pronto reconhecimento da persistência da infecção por B10 é importante, não somente porque ela pode ser tratada no indivíduo afetado mas também para prevenis a transmissão nosocomial (infecção hospitalar) para outros pacientes.
Outras Manifestações da Infecção por B19
Adicionalmente às feições da infecção por B19 delineadas acima, relatos têm ligado o B19 a várias outras doenças. Entre elas, vasculite, neuropatia periférica (dormência e formigamento são algumas vezes uma forma de despertar do eritema infeccioso), e miocardite em jovens e fetos. Recentemente a nefrite foi descrita em paciente com infecção por B19. Ela pode ser presumida pela formação de complexos extensos do vírus com os anticorpos formados durante a infecção porB19. Relatos da infecção por B19 em pacientes com meningite, encefalite, doença de Kawasaki (vasculite sistêmica e aguda), disfunção hepática e falência cardíaca são menos convincentes como diagnóstico envolvendo testes de anticorpos inexequíveis ou ensaios descontrolados de reação em cadeia da polimerase que podem gerar resultados enganosos. Ainda que a infecção por B19 seja provada, a importância etiológica do caso reportado deveria ser confirmada por estudos epidemiológicos mais amplos.
O B19 e a Transfusão de Sangue
Embora o B19 cause uma gama de doenças, de 20% a 50% das infecções persiste assintomática. A importância da falta de sintomas de B19 entre os doadores de sangue deveria ser considerada. A prevalência foi inicialmente sub-estimada, com 1 entre 40.000 doadores sendo virêmicos. Testes rastreadores mais sensitivos têm mostrado agora a prevalência de uma quantidade de 1 em cada 3.000 durante períodos não epidêmicos a 1 para cada 167 em períodos de epidemia. A transmissão do B19 tem sido documentada recentemente em pacientes com talassemia (anemia falciforme) que receberam transfusão de um único doador. Os riscos de transmissão por B19 são muito acrescidos quando centenas de amostras de doadores de plasma são agrupadas para manufatura de produtos sanguíneos. Ainda com a baixa prevalência de doadores que sejam positivos, grandes quantidades constituídas de centenas de amostras de plasma são suscetíveis à contaminação. Além disso, a contaminação será de nível significativo porque a amostra de um único doador que seja B19 positivo contém mai de 1012 partículas virais por ml. Assim, embora os anticorpos para B19 possam estar presentes também, pacientes que receberam produtos sanguíneos estão em risco de infecção por B19. As transmissões de B19 a pacientes que recebem concentrados de fator de coagulação derivados do plasma foram primeiro reconhecidos no início da década de 1980, mas somente como infecções assintomáticas. A alta soroprevalência do B19 em paciente hemofílicos mostrou que a infecção por produtos sanguíneos é comum, e infecções sintomáticas têm sido desde então descritas apresentando os sinais típicos do eritema infeccioso ou em casos mais severos como anemia hipopásica e pancitopenia. O vírus B19 continua a ser transmitido por esta rota pois, carecendo de um envelope lipídico, ele não é suscetível ao tratamento com solvente-detergente usado para inativar o HIV e as viroses de Hepatite B e C nos produtos sanguíneos. Além disso, o B19 é resistente ao calor e permanece inativo ainda após o tratamento com alta temperatura a seco a 80oC por 72 horas, o qual é usado para alguns produtos sanguíneos.
Uma alternativa para a inativação do vírus poderia ser o rastreamento do sangue de doadores para o vírus B19. Doadores poderiam ser seletivamente testados antes de coletado o sangue ou seus componentes fossem direcionados a pacientes em risco de desenvolverem infecções severas por B19. Entre estes pacientes poderiam estar os imuno-comprometidos ou que tenham uma tipo de anemia hemolítica subjacente, mulheres grávidas, e neonatos. A técnica da reação em cadeia da polimerase ultra-sensível tem mostrado recentemente ser executável o rastreamento de doadores, pelo uso de um sistema no qual o doador do plasma seja destacado, reduzindo assim o número de testes necessários. A reação em cadeia da polimerase, entretatno, permanece um método complexo e caro, e o teste simples de anticorpo que pode ser automatizado é, provavelmente, uma alternativa mais prática. A presença de anticorpo ao vírus B19 é considerada como uma infecção já resolvida no passado e um doador livre do vírus (ao contrário dos casos de infecção por HIV ou citomegalovírus, nas quais a presença de anticorpos está relacionada com uma infecção latente e uma infectividade). Mas antes dos departamentos de microbiologia para laboratórios de transfusão de sangue serem incomodados com mais outro teste rastreador, este compromisso deve ser analisado quanto ao custo-benefício dos testes para B19.
Prevenção
Uma vacina para infecção por parvovírus B19 está sendo desenvolvida. A prioridade para a vacina deveria ser para pacientes com anemia falciforme, mas em vista da importância da mortalidade que acompanha a infecção por B19 e que se conhece agora, um uso mais amplo da vacina deveria ser considerado. Se a vacina se provar segura e eficaz ela poderia ser dada por exemplo para crianças ao mesmo tempo que se aplica a tríplice viral (caxumba, sarampo e rubéola).
Conclusão
Está concluído que o rastreamento da parvovirose entre doadores de sangue está agora em perspectiva. O vírus foi encontrado primeiro em doadores saudáveis e é transmitida por produtos e componentes sanguíneos. A infecção por B19, entretanto, é mais comumente transmitida pela rota respiratória e é agora conhecida por causar várias doenças. Em pessoas imunocompetentes com células sanguíneas saudáveis a infecção é relativamente benigna e auto-limitada. Um exantema (eritema infeccioso) em crianças ou artrite aguda em adultos são as manifestações clínicas mais comuns. Existem, entretanto, grupos vulneráveis em risco de doenças mais severas. Ambos, episódio de anemia aguda (uma crise aplásica transitória) em pacientes com anemia da hemácia em forma de foice e uma anemia prolongada em pacientes imuno-comprometidos refletem o tropismo do parvovírus B19 para as células progenitoras do eritrócito. Finalmente, na gravidez o B19 pode cruzar a placenta, causando severa infecção fetal. A imunidade materna adquirida a partir desse evento se estende para toda vida, e gravidezes subsequentes não serão afetadas pelo B19.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2548210/?page=1
sexta-feira, 8 de julho de 2016
Chikungunya
Reumatismo Inflamatório Crônico pós chikungunya: resultados de um um estudo de acompanhamento retrospectivo de 283 casos de adultos e crianças em La Virginia, Risaralda, Colômbia.
Rodrigues Morales, GiRestrepo, et alli.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4813633/
Objetivo: Há limitados estudos na América Latina a respeito das consequências crônicas do virus Chikungunya (CHIK), tais como o reumatismo inflamatório crônico pós CHIK (pCHIK-CIR). Nós avaliamos o maior grupo (coort) até agora de pCHIK-CIR na América Latina, na municipalidade de La Virgínia, Risaralda, uma nova área endêmica de CHIK na Colômbia.
Métodos: Nós conduzimos um estudo retrospectivo do grupo na Colômbia com 283 pacientes diagnosticados com CHIK que persistiram com pCHIK-CIR após uma mínimo de seis semanas e um máximo de vinte e seis semanas. Os casos de pCHIK foram identivicados de acordo com o critério de avaliação por telefone.
Resultados: Do total de pessoas infectadas pelo CHIK, 152 (53%) apresentaram persistentes sintomas reumatológicos (pCHIK-CIR). todos esses pacientes apresentaram dores nas articulações (poliartralgia crônica, pCHIK-CPA), 49,5% dor (rigidez, artralgia) pela manhã, 40,6% edema nas articulações e 16,6% vermelhidão nas articulações. De todos os pacientes, 19,4% requereram e foram atendidos antes da avaliação pelo presente estudo (1,4% consultando reumatologistas). Significativas diferenças na frequência foram observadas de acordo com a idade e gênero no grupo. Pacientes com mais de quarenta anos requereram mais medicação e atenção (39,5%) do que aqueles com menos de quarenta anos (12,1%).
Conclusões: De acordo com nossos resultados, ao menos metade dos pacientes com CHIK desenvolveram sequelas crônicas, a daqueles com pCHIK-CIR, perto da metade apresentaram sintomas clínicos consistentes com as formas inflamatórias da doença. Esses resultados ratificam as estimativas prévias obtidas de dados combinados de estudos em La Reunion (França) e Índia e são coerentes como os resultados publicados previamento de outros grupos (coorts) da Colômbia em Venadilo (Tolima) e Since (Sucre).
INTRODUÇÃO
Considera-se que as sequelas reumatológicas crônicas após a infecção pelo vírus Chikungunya (CHIK) tornar-se-ão uma importante matéria de saúde pública em novas áreas endêmicas da América Latina, onde o vírus vem se espalhando sem o controle apropriado. Estimativas prévias têm mostrado que perto de 48% das pessoas afetadas desenvolvem reumatismo inflamatório crônico CHIK (pCHIK-CIR), com ao fardo derivado da doença avaliado pela incapacitação observada ao longo dos anos de vida (DALYs) perdidos. Nos países América Latina esses anos perdidos em adaptação à incapacidade são agora consistentemente mais altos do que aqueles referidos nas epidemias anteriores na Índia em 2006. DAYLs na Colômbia são tão altos quanto 2/3 dos casos de doença cardíaca isquêmica e são relacionados na maioria das vezes com sequelas reumatológicas.
Entretanto, estimativas prévias foram resultados de dados combinados de estudos iniciais conduzidos nas epidemias na Índia e em La Reunion (França). Devido à possibilidade de haver uma diferenciação na linhagem viral, a diferença genética ou da resposta imune do hospedeiro, ou eventuais variações ambientais, aqueles resultados poderiam não estar totalmente extrapolados para os países da América Latina. Por essas razões, duas retrospectivas sobre grupos (coortes) têm sido publicadas da Colômbia e América Latina, em referência a uma alta proporção de pacientes evoluindo para o pCHIK-CIR, particularmente a poliartralgia crônica (pCHIK-CPA). Desafortunadamente, naqueles estudos, o número de pacientes acompanhados e a avaliação das características clínicas inflamatórias ainda está limitada.
Neste momento, existe ainda uma necessidade de continuar a avaliação e estabelecer a proporção de pacientes evoluindo para pCHIK-CIR, ambos CPA e artrite crônica (pCHIK-CA), nos países da América Latina de modo a revelar o cenário real que pudemos fazer face em termos de consequências clínicas e inabilitação crônica. Assim, nós avaliamos esse tema na municipalidade de La Virgínia no distrito de Risaralda, uma nova área endêmica de CHIK na Colômbia, onde a transmissão autóctone e casos tem sido detectados desde Janeiro de 2015.
MÉTODOS
A aprovação ética foi obtida do Hospital ESE IRB.
Este estudo retrospectivo do grupo (coort) incluiu pacientes que sofreram CHIK (diagnosticado por sorologia específica para CHIK positivo, IgM/IgG anti-/chik, e sorologia negativa para dengue) entre fevereiro e junho de 2015 atendendo em La Virgínia, Risaralda (um dos novos distritos endêmicos), Colômbia, com ao menos seis semanas entre o diagnóstico e o mínimo tempo de acompanhamento para reavaliação. O primeiro desfecho foi o desenvolvimento de persistente poliartralgia (pCHIK-CPA) que encontrou o critério (soronegativo) para Artrite Reumatóide (RA) do Colégio Americano de Reumatologia e da Liga Européia Contra o Reumatismo. O paciente portador de sintomas clínicos de inflamação articular foi avaliado. Os sintomas incluíam: dores reumáticas pela manhã, edema articular e vermelhidão nas juntas. Ele foi avaliado por chamadas telefônicas feitas por autores treinados para este estudo. Foi usado um estruturado questionário, previamente empregado em outros estudos .
A definição de infecção aguda por CHIK foi feita de acordo com o Instituto Nacional de Saúde, Bogotá, Colômbia, incluindo a sorologia após febre (temperatura maior ou igual a 39o C) e poliartralgia ou artrite. O consentimento do paciente foi colhido no início da entrevista.
A avaliação clínica incluiu interrogatório e exame físico na suspeita inicial de CHIK. Seguindo isso, testes sanguíneos foram executados de acordo a avaliar por RT-PCR e sorologia para IgG e IgM para Chikungunya.
A frequência relativa de pCHIK-CPA bem como outras manifestações reumatológicas crônicas de pCHIK (retração matinal, edema erticular e vermelhidão articular) foram avaliadas sobretudo por sexo e por grupos de idade estimando o risco relativo (RR) com o correspondente de 95% de intervalo de confiança.
Todos os dados foram gravados em um formado pré-designado, tabulados e os resultados analisados estatisticamente pela versão 20 do software estatístico SPSR.
RESULTADOS
Um total de 283 pacientes consentiram em participar. No total, esse grupo foi comprimido em 173 (61%) mulheres e 110 (39%) homens, com uma média de idade de 29 anos (IQR 17 - 42), 84% dos quais eram de La Virginia, Risaralda, Colômbia. Todos os pacientes apresentaram febre e aguda poliartralgia. Esses casos foram diagnosticados entre fevereiro e junho de 2015, com um seguimento médio de 9,7 semanas (2,3 meses) e um tempo máximo de 26,1 semanas (6,1 meses).
Do total das pessoas infectadas por CHIK, 152 (53,7%) relataram sintomas reumatológicos persistentes (pCHIK-CIR). Todos os pacientes reportaram dores nas juntas (pCHIK-CPA: pós chicungunya poliartralgia). Com repeito aos sintomas concernentes ao pCHIK-CA, 49,5% apresentaram rigidez matinal, 40,6% edema nas juntas e 16,6% vermelhidão nas juntas. Dos pacientes com pCHIK-CPA, 19,4% requereram e receberam assistência antes da avaliação pelo presente estudo (1,4% consultando reumatologistas). Entre aqueles que apresentaram pCHIK-CIR, o tempo máximo de persistência censoriado foi de 26,1 semanas (6,1 meses). Do total, 17 pacientes estavam com mais ou igual a vinte semanas, e 13 desses pacientes (76,5%) estavam ainda com pCHIK-CPA.
A prevalência cumulativa de pCHIK-CPA variou significativamente (p=0,0326) entre aqueles com mais de quarenta anos de idade (69,7%) e aqueles com menos de quarenta anos (47,8%) (RR=1,46, 95%CI 1,04-2,04). [RR=risco relativo; CI= intervalo de confiança] Como esperado, a frequência aumentou com o grupo de idade. Houve também uma significativa diferença (p=0,014) entre os gêneros, com pCHIK-CPA sendo maior nas mulheres (59,5%) do que nos homens (44,5%) (RR=1,337, 95%CI 1,049-1,703), os quais também se encontram entre aqueles com mais de 30 anos.
Outros sintomas reumatológicos crônicos de pCHIK também variaram significativamente com a idade. A rigidez matinal naqueles com mais de 40 anos (60,5%) foi significativamente maior (p=0,024) do que naqueles com quarenta anos ou menos (45,4%) (RR=1,843, 95%CI 1,079-3,148). Edemas nas juntas foi significativamente mais alto naqueles com mais de quarenta anos(53,9%) em comparação com os com quarenta anos ou menos (12,1%) (RR=4,748, 95%CI 2,550-8,840). Como esperado, houve uma tendência de aumento na frequência por grupos de idade com significativas diferenças entre mulheres e homens em alguns deles.
De todos os pacientes, 38,2% apresentaram poliartralgia e rigidez matinal simultaneamente. A poliartralgia e a rigidez matinal foi significativamente mais alta naqueles com mais de 40 anos de idade (52,6%), foi significativamente mais alta (p=0,002) do que naqueles com quarenta ou menos anos de idade (32,9%) (RR=1,418, 95%CI 1.098-1,830) bem como em mulheres (46,2%) em comparação com homens (25,5%) (RR=1,817, 95%CI 1,270-2,598); 11,3% apresentaram também vermelhidão com poliartralgia e rigidez matinal simultaneamente, sendo isto significativamente mais alto em mulheres (15,6%) foi significativamente mais alto mais alto do que em homens (4,5%) (RR=3,434, 95%CI 1.363-8,649); 9,9% apresentaram edema nas juntas, vermelhidão, poliartralgia e rigidez matinal simultaneamente, sendo isto significativamente mais alto em mulheres (p=0,005) em mulheres (13,9%) foi significativamente mais alto do que em homens (3,6%) (RR=3,815, 95%CI 1,360-10,699).
Finalmente, em pacientes com menos de 20 anos de idade, mais de 20% dos pacientes em cada grupo apresentaram pCHIK-CPA; em geral a prevalência de pCHIK-CPA foi mais alta em pacientes femininos, com a exceção do grupo com menos de 10 anos de idade onde 31,3% dos meninos apresentaram pCHIK-CPA.
DISCUSSÃO
De acordo com nossos resultados, ao menos metade dos pacientes com CHIK desenvolveram sequelas reumatológicas, e desses com pCHIK-CPa, perto da metade apresentou sintomas clínicos com formas inflamatórias da doença. Esses resultados ratificam estimativas prévias obtidas de dados combinados de estudos em La Reunion (France) e Índia e são consistentes com os resultados publicados antes por outros grupos colombianos em Venadilo (Tolima) e Since (Sucre). De fato, nossos resultados sugerem que a proporção de pacientes que desenvolvem pCHIK-CIR pode ser eventualmente mais alta em alguns grupos, especialmente mulheres e pacientes mais velhos. Alguns pacientes permaneceram com reumatismo muitos meses após a infecção com CHIK. Além disso, os sintomas levaram perto de 20% dos pacientes a cuidados com a doença, com alguns pacientes requerendo atenção reumatológica. Isto esclarece o caráter incapacitante dos sintomas.
Este estudo representa o maior grupo de pacientes de CHIK na América Latina acompanhado até a presente data para sequelas reumatológicas crônicas. Também, este é o primeiro estudo para avaliar o desenvolvimento de ambas as complicações reumatológicas inflamatórias e não inflamatórias pós-infecção por CHIK nesta região; estudos locais prévios centraram na presença de CPA sem examinar as características inflamatórias clínicas tais como rigidez matinal, edema nas juntas ou vermelhidão nas juntas. A epidemiologia da epidemia de CHIK em 2015 esclarece a importância da avaliação do pCHIK-CIR, que poderia ser incluído na vigilância de países endêmicos como a Colômbia.
Embora haja limitação devido à possível preconceito derivado da via de coleta de informações (entrevista telefônica), a consistência desses achados relacionando a proporção de pacientes que apresentaram CPA e sintomas inflamatórios articulares com as variações de idade e gênero, sustenta a credibilidade dos dados obtidos. Estudos menores (com menos de 150 pacientes) recentemente tem empregado também entrevistas telefônicas para coletar dados. Um desses estudos encontros que um terço (37%) dos participantes estudados referiram-se a queixas contínuas relacionadas com Chikungunya incluindo dores nas juntas (32%), dor muscular (32%), e inchaço nas juntas (26%). Um diagnóstico preventivo para artrite inflamatória crônica derivada de pCHIK (n=4) e desordem musculo-esquelética derivada de pCHIK (n=3) foi estabelecido.
Entretanto, a ausência de confirmação de sinais inflamatórios articulares por um médico, a falta de informação a respeito do histórico reumatológico prévio, o número e localização do envolvimento articular em curso, o tratamento recebido (ambos prescritos e auto-provisionados), e a avaliação radiográfica são limitações importantes deste trabalho.
Enquanto alguns estudos falharam em demonstrar fatores associados com dores crônicas, outros trabalhos apontaram para fatores de risco ligados à persistência de manifestações reumatológicas crônicas e falta de recuperação. Neste estudo a idade mais avançada e o gênero feminino estavam significativamente associados ao p CHIK-CIR. Não obstante. em estudos em perspectiva, dores severas nas articulações, longos estágios agudos, assinalando a doença reumatológica, patologias associadas adicionais, excesso de peso e altos títulos de IgG anti CHIK, poderiam ser também avaliados como se têm sugerido. Além disso, nós também achamos que pacientes com mais de 40 anos e mulheres consultaram mais frequentemente e tenderam a exibir sintomas inflamatórios, os quais levantam a questão sobre a possibilidade de que estes pacientes não só evoluem mais frequentemente para o pCHIK-CIr mas também para formas mais severas da doença tais como pCHIK-CA. Entretanto, também de grande interesse, está o fato de que o pCHIK-CIR foi visto em uma considerável proporção (aproximadamente 25%) em pessoas jovens (com menos de 20 anos de idade). Embora o corrente estudo não tenha sido especificamente designado para avaliar o pCHIK-CPA na população pediátrica, ele mostra a ocorrência de pCHIK-CPA neste grupo etário pela primeira vez na Colômbia e na América Latina. Globalmente, também há a falta de estudos de grupos avaliando o pCHIK-CIR em crianças. Antes deste trabalho, o maior estudo incluiu 69 crianças com menos de 16 anos; nós avaliamos 88 pacientes com menos de 20 anos (57menores de 15 anos). Este grupo de idade também merece e requer estudos específicos de avaliação de pCHIK-CIR dadas todas as implicações potenciais, incluindo a avaliação por reumatologistas pediátricos.
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Finalmente, na Colômbia, bem como em outros países da região,o genótipo circulante é o Asiático. No futuro, se outros genótipos de CHIK começarem a circular nas mesmas áreas, a comparação poderá permitir avaliar se eles impõem impactos clínicos diferentes, como avaliado correntemente com epidemias do passado onde outros genótipos e linhagens estavam presentes, como no Oceano Índico, poderia também implicar em diferenças potenciais na imunogenética da população e respostas provavelmente baseadas no HLA e outros fatores Étnicos. Têm-se mostrado recentemente a respeito das diferenças do pCHIK-CIR a prevalências entre estudos na ilha de La Reunión, na França, e na Índia, sendo mais alto na primeira, como evidenciado em uma meta-análise a qual está a caminho nas próximas semanas pelo nosso grupo.
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